O QUE É A VIDA?

Uma vez me perguntaram o significado da vida.
Confesso que no momento, pego de surpresa, não consegui definir realmente o que seria a vida. Mas segui pensando...
A vida começou a se descortinar na minha mente e comecei a defini-la como uma colcha de retalhos.
É isso. A vida é feita de momentos.
Momentos bons, inesquecíveis, momentos um tanto ruins e momentos muito ruins, aqueles que fazemos questão de esquecer.
A vida deve ser vivida com toda intensidade merecida por cada momento.
A cada ocasião um nível de intensidade, mas sempre com o ardor que cada um deles merece.
Há momentos em nossas vidas que as reminiscências nos levam à infância e revivemos aqueles tempos felizes, inocentes, quando as brincadeiras eram tudo.
Vem depois a adolescência e seus períodos muitas vezes fugazes, que nem lembramos, românticos, de sonhos com quem julgávamos amar definitivamente e que, algum tempo depois, se transformava em fumaça. Lembramo-nos dos momentos de sonhos com o futuro, no qual traçamos linearmente os nossos desejos de sucesso nos estudos, na profissão, na vida futura, com a nossa cara metade ao lado e o desejo de envelhecermos na alegria de um lar feliz, rodeados dos filhos, netos...
Esse sentimento permanece até chegarmos à fase adulta, quando as responsabilidades começam a nos consumir, a exigir cada vez mais de nós. Achamos o nosso par e constituímos uma família, um lar onde a ternura e o amor deveriam morar definitivamente, mas, mais uma vez, as coisas se complicam e os nossos sonhos são desvanecidos pela dificuldade de uma convivência que começamos em alguns momentos a estranhar. Nem tudo é um mar de rosas, mas superamos esses momentos difíceis e conseguimos viver de forma a nos completarmos. Começamos a entender que a felicidade deve ser conquistada a cada dia, a cada hora, mais ainda, a cada minuto. Tem início aí uma nova forma de viver.
As nossas conquistas são celebradas e as nossas desilusões, esquecidas.
Mas uma vez mais a vida nos dá um tranco, entendemos que tudo deve ser compartilhado para que a carga toda não caia em nossos ombros. A divisão das responsabilidades, dos desejos, das conquistas e derrotas torna a nossa vida mais fácil e aprendemos, mais uma vez que os nossos momentos devem ser vividos intensamente e também compartilhados.
Aprendemos que o amor não é um momento que vivemos na cama, mas um sentimento que deve perdurar por nossa vida inteira. Deve ser compartilhado também, pois é desse compartilhamento que nascem novas esperanças, lutas e conquistas.
Já foi dito que ninguém é um caramujo ermitão, vivendo sozinho em uma concha, fechado em si mesmo, sem comunicar-se com o seu próximo, sem soltar os seus sentimentos, trancado no seu íntimo sem compartilhar seus sofrimentos, seus desejos...
Entendemos que a vida é curta e que chega ao seu final quando menos esperamos.
Seria bom ao chegarmos à nossa velhice, termos condições de analisar como vivemos e então vermos que a vida é, na realidade, uma colcha de retalhos costurada com os momentos vividos. Uns com muita intensidade outros nem tanto, mas estão ali todos os nossos momentos. E é nesse instante que vamos entender se a nossa vida valeu ou não a pena.
Quantos momentos felizes tivemos? Quantos foram tristes? Quantos foram motivos de luta, de satisfação, de desejos frementes, satisfações contidas ou não.
Tudo está ali na nossa frente. A nossa colcha de retalhos, a nossa vida que, sendo difícil ou não, valeu a pena ser vivida com toda intensidade, de forma que o arrependimento não bata em nossos corações por não termos vivido um dos momentos com a intensidade merecida.
A nossa vida não deve ser medida pelos arrependimentos, mas pelos momentos vividos com a magnitude merecida. Dessa forma estaremos cumprindo o que nos foi proposto para viver na vida.

Deitamos a cabeça no travesseiro e descansamos satisfeito com o que vivemos...

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