FIDELIDADE CANINA


Imagem do filme sempre ao seu lado, estrelado por Richard Gere e seu cachorro da raça akita, Hachicko



Ná muito se fala e se escreve sobre a fidelidade de um cão para com o seu dono, mas poucas pessias prestam atenção nisso e alguns até mesmo, quando se refere a uma pessoa fiel, afirma ser de uma fidelidade canina!

É muito difícil acreditarmos em um ser humano com essa característica e, principalmente, com atos que levem os outros a entenderem essa forma de ser.

Vários relatos também eu ouvi e cheguei à conclusão de que o homem tem muito a evoluir para chegar ao sentimento "animal' da fidelidade canina.

A nossa querida escritota Lygia Fagundes Teles escreveu um texto sobre essa tal fidelidade e eu aqui o transcrevo para mostrar que a fidelidade deve ser aprendida pelo homem, nem que para isso ele tenha que se tornar um cão!

Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa.

A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera.

O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.

Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina, com o focinho sempre voltado para aquela direção.


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