Em boca fechada não entra mosquito



É comum nós, profissionais da imprensa, querermos colocar em pauta nossas opiniões sobre algum fato ou personagem (principalmente político), com o intuito de conduzir o público leitor, ouvinte ou telespectador, a pensar como a gente.

É comum também, algumas opiniões estarem erradas ou mal embasadas, conferindo, dessa forma, o direito de resposta àquele que se julgar ofendido, normalmente o alvo de nossas críticas.

Isso acontece muito com profissionais despreparados ou, até mesmo preparados, mas entusiasmados com algum fato ou personagem, fazendo com que estes se arvorem em juiz ou defensor da causa ou do causador.

Vê-se muito disso em períodos eleitorais, como esse que estamos atravessando.

Às vezes a opinião do profissional é até correta, mas as provas do fato são difíceis de colher, transformando, dessa forma, o rato em gato, a caça em caçador.

Difícil é dizer se um político tem feito alguma coisa pelo seu estado ou município, pois o seu trabalho é um emaranhado de ações desconhecidas, ou até mesmo conhecidas demais, que nos levam a cometer sérios enganos ou, o que mais comumente acontece, sermos presas de propaganda enganosa, que não pode ser contestada com provas cabais.

Vai daí que passamos de formadores de opinião a micos de circo, ou seja, somos obrigados a deixar que as pessoas que se julgam ofendidas (?) nos estraçalhem em seus direitos de respostas, diga-se de passagem, nem sempre direitos.

Nessas histórias veiculadas pela imprensa, de forma geral, o profissional esforça-se ao máximo em ser honesto com seus pareceres, em trazer à tona fatos que elucidem as dúvidas que pairam no consciente do público, mas peca ao comentar, criticar sem embasamento, pois que alguns fatos não são passiveis de provas concretas, o que nos leva a parecer mentirosos diante da opinião pública, quando o ofendido (?) expõem as suas razões, nem sempre razoáveis.

De um lado estamos nós, profissionais de imprensa, imbuídos das melhores intenções, procurando alertar o público para o mau político, para as falcatruas, para atos nem sempre claros, do outro, eles, com seus falsos conceitos de moral, com suas mazelas e seus direitos de respostas conseguidos através de uma prova irreal, de um sentimento, mais falso ainda, de ter sido ofendido.

Nessa luta pelo direito de bem informar, cometemos excessos de zelo, de juízo, que nos levam, na grande maioria das vezes, a nos arrepender de sermos, ou tentar sermos, formadores de opinião, para nos recolher, simplesmente, ao noticioso a fim de não pagarmos o mico do direito de resposta, que acabam nos levando a receber a pecha de mentirosos, enquanto que o verdadeiro se esconde atrás de uma capa de santidade.

Para os meus amigos de imprensa, que tentam informar o público e formar opiniões, fica o alerta de que, nem sempre serão entendidos pelo público, mas que a luta vale a pena, pois que àquele que sequer tenta, ficam os restos ruins de uma derrota sem, sequer, ter sentido o gosto de uma boa batalha.

Àqueles que não aguentam o tranco, fica o aviso de que nem devem tentar fazer qualquer comentário, porque esse campo de batalha está reservado aos destemidos, aos que sabem que ninguém pode fazê-los perder o que têm de melhor, ou seja o brio, o caráter e a certeza da retidão de propósitos.

Quanto aos demais fica aqui um conselho:

"Melhor ficar calado, porque em boca fechada não entra mosquito."

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