“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. Fernando Pessoa

Ao ler este pequeno texto de Fernando Pessoa, voltei ao passado e revi algumas coisas de minha vida que, de certa forma, algumas pessoas, amigos e parentes, consideram ultrapassadas e que tentam fazer com que eu considere algumas mudanças. Mas isso é muito difícil vez que o vício do cachimbo é que entorta a boca.
Mas a mudança a que se refere o grande mestre português, é o da alma. A mudança que realmente importa e que nos levará a momentos novos, caminhos. Entretanto essas coisas, as atitudes por mim tomadas, a forma de vida que levamos, traz-nos sempre e cada vez mais, a experiência necessária para que enfrentemos tudo o que está determinado. Acho até que durante essa caminhada deixamos para trás as roupas usadas. Como se fôssemos animais que a cada temporada trocam suas peles. A nossas “vestimentas” são dispensadas a cada avanço de nosso espírito em direção ao Criador.
Quando determinado nos for efetuarmos a travessia, essa preparação, perpetrada durante toda uma vida carnal, nos elevará espiritualmente até onde nos permitir essas mudanças realizadas durante o nosso viver.
Há quem não dê a mínima atenção a esse pequeno detalhe e quando chamado a realizá-la queixa-se da falta de preparação. Não devemos ficar à margem de nós mesmos, como se refere Pessoa, mas cuidarmos para que a nossa vivência nos prepare, de fato, para o próximo encontro.

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